O que é?
O cálculo renal é uma doença muito comum e é conhecida popularmente como pedra nos rins. É um quadro agudo que se instala prevalentemente mais nos homens do que nas mulheres e pode provocar dor intensa. De forma simplista, a doença consiste na agregação de substâncias minerais dentro do sistema urinário, comparadas com “grãos de areia” que se aglomeram no interior dos rins e formam uma “pedra”.
Tipos
Os cálculos renais podem ser classificados conforme a sua localização no sistema urinário e por sua composição mineral.
- Quando classificado segundo a sua localização: podem ser renais (dentro do rim), ureterais (dentro do ureter – canal que leva a urina do rim para a bexiga) ou vesicais (na bexiga).
- Quando classificado segundo a sua composição podem ser de vários tipos. Os mais comuns são de Oxalato de Cálcio, Ácido Úrico, Estruvita e Fosfato de Cálcio.
Fatores de risco para o desenvolvimento de cálculo renal
- Predisposição genética;
- Volume insuficiente de urina ou urina supersaturada de sais minerais;
- Fatores ambientais, como o clima quente, exposição ao calor ocupacional;
- Sedentarismo;
- Obesidade;
- Dieta rica em proteínas e em sal;
- Baixa ingestão de líquidos;
- Alterações anatômicas que levem à semi-obstrução das vias urinárias;
- Hiperparatireoidismo (transtorno hormonal relacionado ao metabolismo do cálcio);
- Imobilização prolongada;
- Presença de doenças inflamatórias intestinais, como a Doença de Crohn.
Principais sintomas:
Os pacientes podem não apresentar sintomas ou sentir pouca dor durante a passagem do cálculo pelo ureter. Porém, a maioria das pessoas que apresenta a condição, apresenta sintomas como:
- Dor intensa, quase insuportável, que começa nas costas e se irradia para o abdômen em direção à virilha. A dor se manifesta em cólicas, isto é, com um pico de dor intensa seguido de certo alívio momentâneo;
- Náuseas e vômitos;
- Sangue na urina (hematúria);
- Suspensão ou diminuição do fluxo urinário;
- Necessidade de urinar com mais frequência;
- Febre, que pode ser devido a infecção urinária associada.
Principais tratamentos – invasivos e não invasivos – para o cálculo renal
1 – Dissolução do cálculo com tratamento medicamentoso
O cálculo renal pode ser tratado com uma abordagem clínica, quando os cristais formados são compostas por ácido úrico. Isso porque existem medicações que alcalinizam a urina e, assim, propiciam a dissolução desses cristais de ácido úrico. Esse tratamento é uma opção somente para cálculos de ácido úrico que não sejam volumosos.
2 – Conduta expectante e terapia medicamentosa expulsiva
A conduta expectante, ou seja, aguardar e acompanhar o paciente, pode ser usada como tratamento para cálculos URETERAIS menores que 0,6 mm. Isso porque, abaixo desse tamanho, a chance de eliminação espontânea é significativa, sendo superior a 80-90% para cálculos menores que 0,4 mm e situados no terço distal do ureter. Cálculos renais abaixo de 5 mm e não obstrutivos também são elegíveis em sua maioria para conduta expectante.
3 – Litotripsia extracorpórea
Esse procedimento é usualmente indicado para cálculos entre 0,7 mm e 1,0 cm. Por meio de um aparelho, o médico urologista dispara ondas de choque extra-corpóreas concentradas no cálculo que está impactado no sistema urinário, fragmentando-o e permitindo que o paciente urine os pequenos fragmentos decorrentes desta fragmentação.
A litotripsia não é considerada um procedimento cirúrgico. No entanto, recomenda-se que o paciente deva ser anestesiado. Dessa forma, é possível focar com maior precisão e intensidade no cálculo.
No entanto, a eficácia do método depende da dureza, localização e tamanho do cálculo.
4- Litotripsia a laser (UTL’s)
O método a laser é um pouco mais invasivo que a técnica de ondas de choque, visto que é feito por endoscopia. No entanto, é menos invasivo que a cirurgia aberta convencional.
Em geral, é indicada para cálculos renais (UTL flexível) e ureterais (UTL rígida), para cálculos de até 1,5 cm. Cálculos maiores que 1,5 cm podem necessitar de mais de uma abordagem (sucessivas).
O procedimento consiste na introdução de um aparelho através da uretra, passando pela bexiga e que alcança o cálculo através do ureter. Após introduzido, são disparados raios de laser contínuos que fragmentam o cálculo em vários pedaços que poderão ser extraídos imediatamente ou expulsos pela urina.
O procedimento é feito sob anestesia loco-regional ou geral. Estas técnicas (rígida ou flexível) apresentam maiores chances de resolução imediata.
5 – Nefrolitotripsia percutânea
Essa técnica é indicada no tratamento para cálculos renais mais volumosos, com tamanho superior a 1,5 – 2cm, para cálculos em cálices inferiores onde o acesso com a UTL flexível não é possível e em cálculos complexos, como os cálculos coraliformes.
Esse procedimento é mais invasivo, visto que o rim acometido será acessado através da pele da região lombar, através de uma pequena incisão de cerca de 1,5cm. Para se orientar com a anatomia do rim do paciente, o urologista introduz um cateter no ureter através do qual injeta contraste na via excretora do rim acometido orientado por radioscopia peroperatória (Rx).
Com isso o médico pode visualizar e acessar o cálculo. Assim, com o endoscópio (nefroscópio), o médico fragmenta e aspira o cálculo. A técnica é feita sob anestesia geral e precisa de um tempo maior de internação, porém o método é muito resolutivo.
6 – Cirurgia convencional
A cirurgia convencional consiste em realizar uma incisão no flanco do paciente para dissecar o rim, abrir o sistema coletor e retirar o cálculo. Pode ser realizada por via laparoscópica, robótica ou aberta. No entanto, esse método é reservado para casos especiais, visto que é o mais invasivo e apresenta mais riscos para o paciente.