O câncer de próstata (CaP) é um dos cânceres mais comuns entre a população masculina, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Em incidência, corresponde ao 2º câncer mais frequente entre os homens após os tumores de pele (não-melanoma).
De acordo com estatísticas do INCA, um em cada 9 homens será diagnosticado com câncer de próstata durante a vida. Os dados mostram que 98% dos casos de câncer de próstata estão relacionados ao envelhecimento masculino. Sendo que em 40% dos casos diagnosticados são em pacientes na faixa etária dos 50 anos.
Outros números relacionados ao Câncer de Próstata são:
- 01 diagnóstico de câncer de próstata a cada 7 minutos
- 01 óbito pela doença a cada 40 minutos
- 25% dos portadores de câncer de próstata morrem devido a doença
- 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados em estágios avançados
- Quando os sintomas começam a aparecer, 95% dos casos já estão em fase adiantada
- Não é possível prevenir a doença, mas é possível diagnosticá-la precocemente
- Diagnóstico precoce promove chances de cura de 90 %.
Embora seja raro acometer homens com menos de 40 anos, estima-se que 2% dos casos mundiais desse tipo de câncer ocorram em pacientes jovens. Portanto, compreender quais são os fatores de risco que podem contribuir para o aparecimento da doença é fundamental para o diagnóstico precoce e seu tratamento com a finalidade curativa.
O que causa o câncer de próstata?
Em síntese, a próstata é uma pequena glândula presente no sistema genital masculino, abaixo da bexiga. Sua função é produzir o fluido seminal responsável por nutrir e transportar os espermatozóides.
O câncer ocorre quando há um aumento anormal e desordenado das células de um determinado órgão. Embora não saibamos todos os mecanismos que desencadeiam a neoplasia, existem alguns fatores de risco conhecidos que contribuem com a incidência da doença, alguns deles relacionados ao indivíduo e outros ao meio sócio-cultural, e outros fatores de risco aventados. Os principais são:
- Idade;
- Etnia/Raça;
- Geografia;
- História familiar/hereditariedade;
- Alterações genéticas;
- Dieta;
- Obesidade;
- Tabagismo;
- Exposição a produtos químicos;
- Inflamação da próstata;
- Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s);
- Vasectomia.
Falaremos agora mais detalhadamente sobre eles:
Idade
O câncer de próstata é raro em homens com menos de 40 anos, mas a chance de ter câncer de próstata aumenta rapidamente após os 50 anos. Cerca de 6 em 10 casos de câncer de próstata são encontrados em homens com mais de 65 anos.
Raça / etnia
O câncer de próstata se desenvolve com mais frequência em afro-americanos e caribenhos de ascendência africana do que homens de outras raças. E quando se desenvolve nesses homens, eles tendem a ser mais jovens. O câncer de próstata ocorre com menos frequência em homens asiático-americanos e hispânicos / latinos do que em brancos não-hispânicos. As razões para essas diferenças raciais e étnicas não são claras.
Geografia
O câncer de próstata é mais comum na América do Norte, noroeste da Europa, Austrália e nas ilhas do Caribe. É menos comum na Ásia, África, América Central e América do Sul. As razões para isso não são claras. A triagem mais intensiva para o câncer de próstata em alguns países desenvolvidos provavelmente responde por pelo menos parte dessa diferença, mas outros fatores como diferenças no estilo de vida (dieta etc.) provavelmente também são importantes. Por exemplo, os asiáticos americanos têm um risco menor de câncer de próstata do que os americanos brancos, mas seu risco é maior do que o dos homens de origens étnicas semelhantes que vivem na Ásia.
História familiar
O câncer de próstata parece ocorrer em algumas famílias, o que sugere que, em alguns casos, pode haver um fator hereditário ou genético. Ainda assim, a maioria dos cânceres de próstata ocorrem em homens sem histórico familiar.
Ter pai ou irmão com câncer de próstata mais do que duplica o risco de um homem desenvolver esta doença. O risco é maior para homens que têm um irmão com a doença do que para aqueles que têm um pai com ela.
O risco é muito maior para homens com vários parentes afetados, principalmente se os parentes eram jovens quando o câncer foi encontrado.
Estima-se que se o homem possui 1 parente de 1º grau que teve a doença, sua chance de desenvolver o CaP é 2 vezes maior em comparação ao indivíduo que não possui história familiar. Se possui 2 parentes de 1º grau que tiveram CaP, as chances se elevam para 6 vezes.
Alterações genéticas
Várias alterações genéticas herdadas (mutações) parecem aumentar o risco de câncer de próstata, mas provavelmente representam apenas uma pequena porcentagem dos casos em geral.
•Por exemplo: mutações herdadas dos genes BRCA1 ou BRCA2, que estão ligadas a um risco aumentado de câncer de mama e ovário em algumas famílias, também podem aumentar o risco de câncer de próstata em homens (especialmente mutações no BRCA2).
•Homens com síndrome de Lynch (também conhecido como câncer colorretal hereditário sem polipose ou HNPCC), uma condição causada por alterações genéticas herdadas, têm um risco aumentado de vários tipos de câncer, incluindo câncer de próstata.
Dieta
O papel exato da dieta no câncer de próstata não é claro, mas vários fatores foram estudados. Homens que comem muita carne vermelha ou alimentos ricos em gordura (especialmente produtos lácteos) parecem ter uma chance ligeiramente maior de contrair câncer de próstata. Esses homens também tendem a comer menos frutas e legumes.
Os médicos não têm certeza de qual desses fatores é responsável por aumentar o risco. Alguns estudos sugeriram que homens que consomem muito cálcio (através de alimentos ou suplementos) podem ter um risco maior de desenvolver câncer de próstata.
Os laticínios (com alto teor de cálcio) também podem aumentar o risco. Mas a maioria dos estudos não encontrou essa ligação com os níveis de cálcio encontrados na dieta média e é importante observar que é conhecido que o cálcio tem outros benefícios importantes para a saúde.
Obesidade
Ser obeso (muito acima do peso) não parece aumentar o risco geral de contrair câncer de próstata. Alguns estudos descobriram que homens obesos têm um risco menor de contrair uma forma de baixo grau (crescimento mais lento) da doença, mas um risco maior de contrair câncer de próstata mais agressivo (crescimento mais rápido).
As razões para isso não são claras. Alguns estudos também descobriram que homens obesos podem estar em maior risco de ter câncer de próstata mais avançado e de morrer de câncer de próstata, mas nem todos os estudos descobriram isso.
Tabagismo
A maioria dos estudos não encontrou uma ligação entre o tabagismo e o câncer de próstata. Algumas pesquisas associaram o tabagismo a um possível pequeno aumento do risco de morte por câncer de próstata, mas esse achado precisa ser confirmado por outros estudos.
Exposição a produtos químicos
Há evidências de que os bombeiros podem ser expostos a produtos químicos que podem aumentar o risco de câncer de próstata. Alguns estudos sugeriram uma possível ligação entre a exposição ao agente laranja, um produto químico amplamente utilizado durante a Guerra do Vietnã, e o risco de câncer de próstata, embora nem todos os estudos tenham encontrado essa ligação. A Academia Nacional de Medicina considera que há “evidência limitada / sugestiva” de uma ligação entre a exposição do agente laranja e o câncer de próstata.
Inflamação da próstata
Alguns estudos sugeriram que a prostatite (inflamação da próstata) pode estar ligada a um risco aumentado de câncer de próstata, mas outros estudos não encontraram essa ligação. A inflamação é frequentemente observada em amostras de tecido da próstata que também contêm câncer. A ligação entre os dois ainda não está clara, e esta é uma área ativa de pesquisa.
Infecções sexualmente transmissíveis
Os pesquisadores observaram se as infecções sexualmente transmissíveis (como gonorréia ou clamídia) podem aumentar o risco de câncer de próstata, pois podem levar à inflamação da próstata. Até agora, os estudos não concordaram e nenhuma conclusão firme foi alcançada.
Vasectomia
Alguns estudos sugeriram que homens que fizeram uma vasectomia têm um risco ligeiramente aumentado de câncer de próstata, mas outros estudos não encontraram isso. Pesquisas sobre essa possível associação ainda estão em andamento.
Câncer de próstata antes dos 40
Apesar da possibilidade de desenvolver o câncer de próstata antes dos 40 anos, ainda assim é possível. Segundo dados do Observatório de Oncologia, de 1997 e 2016 no Brasil, houve um aumento de incidência de cânceres no geral no público jovem, de 20 a 49 anos. No caso do Câncer de Próstata, o aumento de registros foi de 5,2%.
Esse aumento pode estar relacionado ao estilo de vida, que pode acelerar o surgimento de vários tipos de câncer. Portanto, é recomendado que homens que apresentam algum fator de risco, façam os exames de rotina anualmente a partir dos 45 anos.
Câncer de próstata na adolescência
A chance de desenvolver câncer de próstata na adolescência é mínima, quase próxima a zero. Apesar disso, realizar a primeira consulta ao urologista nessa faixa etária é crucial para que os jovens tenham informações necessárias para desenvolver o hábito de cuidar da saúde, para cuidar da higiene pessoal e para se prevenir das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s).
Sintomas
Em qualquer faixa etária, o câncer de próstata não apresenta sintomas em sua fase inicial. Pelo contrário, quando os sintomas aparecem, isso significa que a doença está avançada. Assim, a única forma de diagnosticar precocemente o câncer é através dos exames de rotina.
Quando já em um estágio mais avançado, o câncer de próstata apresenta sintomas como:
- Problemas ao urinar;
- Dor nos ossos;
- Presença de sangue na urina ou sêmen;
- Diminuição do jato de urina;
- Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite.
- Disfunção erétil.
Diagnóstico
Além de uma boa história clínica para investigar os sinais e sintomas de um câncer de próstata e descobrir se a doença está presente ou não, são feitos basicamente dois exames iniciais.
Exame de toque retal: o médico avalia tamanho, forma e textura da próstata, introduzindo o dedo protegido por uma luva lubrificada através do ânus. Este exame permite palpar as partes posterior e laterais da próstata.
Exame de PSA: é um exame de sangue que mede a quantidade de uma glicoproteína produzida pela próstata – Antígeno Prostático Específico (PSA). Níveis altos dessa glicoproteína podem levar à suspeita de câncer, mas também podem ocorrer em doenças benignas da próstata, como na Hiperplasia Benigna da Próstata (HPB) e nas prostatites.
Tratamento do câncer de próstata
O tratamento do câncer de próstata varia de acordo com o quadro clínico e histórico do paciente. Também deve-se levar em consideração o tamanho e a classificação do tumor, conhecido como estadiamento. Esse tratamento pode envolver a remoção da próstata (prostatectomia radical), radioterapia, hormonioterapia ou uso de medicamentos endovenosos conhecida como quimioterapia e/ou imunoterapia.
No entanto, é importante ressaltar que, apesar das características próprias da doença, cada caso é um caso e cada paciente é único. Com o avanço dos tratamentos e as opções de procedimentos minimamente invasivos como a cirurgia robótica, boa parte dos pacientes conseguem realizar o tratamento oncológico sem comprometer funções importantes como o controle da urina e a vida sexual.
Como dito anteriormente, quando diagnosticado em sua fase inicial, a chance de cura do câncer de próstata pode chegar a 90%. Por isso é fundamental realizar exames periódicos anuais (conhecidos como rastreamento) e sempre que necessário com o médico urologista.
Prevenção do câncer de próstata
É importante ficar atento aos fatores que podem contribuir com a prevenção do câncer de próstata. Especialmente se o indivíduo possui algum fator de risco. Manter hábitos saudáveis como a prática de atividade física e dieta balanceada são as principais formas básicas de prevenção. Pois a obesidade e o sedentarismo estão ligados a mudanças no metabolismo que podem acarretar alterações moleculares que propiciam o surgimento das neoplasias. A maioria dos pacientes tratados de câncer de próstata não morrem da doença em si, mas de complicações cardiovasculares.
Diante disso, independentemente da idade, manter um estilo de vida saudável e manter as consultas com o médico urologista em dia são primordiais não apenas para homens a partir dos 50 anos, mas a partir da adolescência, visando identificar qualquer alteração relacionada à saúde da próstata ou outros órgãos masculinos, diminuindo as chances do desenvolvimento de câncer ou outras doenças e contribuindo para a qualidade de vida.